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Tumulto e confusão nas provas do Enade



09 / 11 / 2009
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Falta de informação, locais de prova errados ou muito distantes da casa do candidato e portões fechados antes do horário previsto. Esses foram alguns dos problemas enfrentados por jovens que fizeram prova do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) na tarde de ontem, em Belo Horizonte. Dezenas deles recorreram à polícia para registrar queixas relacionadas a problemas de logística e o clima era de muita revolta com os organizadores da prova. “É uma falta de respeito. A gente se dedica cinco anos ao curso e, por causa de um problema deles, não podemos colar grau”, reclama Tiago Rabelo Melo, de 22 anos. Estudante do 9º período de ciências contábeis da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Tiago não conseguiu chegar a tempo do início do exame, porque o comprovante informava o endereço errado do local onde faria a prova. “No comprovante, o endereço da Escola Estadual Anita Brina Brandão é a Praça Igínio Bonfioli. No entanto, essa praça não existe. Fomos até a rua com esse nome, mas a escola também não era lá. O endereço correto é Praça Manoel dos Reis Filho”, afirmou. Quando conseguiu localizar a escola, no Bairro Jaraguá, os portões já estavam fechados. Tiago e outros 20 estudantes registraram a queixa na 7ª Delegacia Seccional de Venda Nova. No Bairro Caiçara, a estudante de direito Renata Lúcia dos Santos, de 22, estava inconformada porque também recebeu o endereço errado.

Os problemas de logística afetaram ainda 86 alunos que fizeram o exame na Escola Estadual Sara Kubitschek, no Bairro Ipiranga. Eles não conseguiram concluir a prova porque não receberam a folha de respostas. Segundo a jornalista Grace Meireles, de 47, mãe da formanda em direito pela UFMG Isabelle Mendes de Sousa, de 23, os problemas começaram antes: “Alunos do curso de direito com nomes começando com as letras E e M não receberam a inscrição. Foram informados do local da prova dois dias antes pela faculdade”. O grupo registrou ocorrência na Polícia Militar e entrou com ação civil pública para se resguardar. A estudante Vanessa Camargo Dias, de 22, também se queixou da logística da prova: “Moro em Sabará. A prova deveria ser em um lugar mais perto. Saí de casa às 11h e não cheguei a tempo. Agora, só quero saber como vou conseguir meu diploma. Pago R$ 500 de mensalidade, sempre em dia, e não vou poder me formar.”

PRECEDENTE Tanta falta de informação fez com que os ânimos ficassem exaltados na Escola Estadual Governador Milton Campos (Colégio Estadual Central), no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul. Ao tentar buscar informações, os alunos que chegaram depois do horário foram empurrados por um funcionário da escola. Revoltados com o tratamento, eles chamaram a polícia. “O Enade é obrigatório. Cheguei às 13h06 e eles não me deixaram entrar. A questão é que abriram precedente permitindo que muitas pessoas que chegaram às 13h05 entrassem”, reclama a estudante de administração do Ibmec Priscila Carolina Smith, de 19. Para o colega de curso Henrique Pedra, de 21, como nos exames vestibulares, era necessária uma tolerância de 10 minutos. “Domingo é dia de feira na Afonso Pena e, por isso, a Rua da Bahia estava parada”, diz Henrique. A coordenadora da Unidade I do Colégio Estadual Central, Jussara Teixeira, negou que tenha aberto precedente para quem chegou depois do horário. Nessa unidade, os  primeiros alunos saíram com apenas 30 minutos de prova. A saída, até 2008, só era permitida com uma hora e meia de duração. No manual do candidato deste ano não consta o tempo mínimo da prova.

PORTÕES No Bairro Caiçara, 40 estudantes reclamaram que os portões da Escola Francisco Brant foram fechados cinco minutos antes do prazo, às 13h, como indicado nas instruções que receberam sobre a prova. “É inaceitável. Pessoas vieram de Igarapé, Contagem e outras cidades, enfrentaram o trânsito difícil, por causa do jogo no Mineirão, chegaram no horário, mas encontraram os portões fechados. O pior é arrogância de quem fechou os portões três minutos antes”, afirma o empresário José de Paula Arantes Júnior, de 55, que testemunhou em favor dos estudantes. O filho de José de Paula fez a prova, mas ele foi testemunhar por considerar que houve irregularidade em relação ao fechamento dos portões. A reclamação em relação aos locais de prova foi recorrente entre os estudantes. Embora o Enade estivesse sendo aplicado em uma escola do bairro onde mora, em Ibirité, o estudante de administração Adelson Barbosa, de 19, foi escalado para fazer a prova no Bairro Caiçara, em BH. Os estudantes registraram queixa na 9ª Companhia do 34º Batalhão de Polícia Militar. Em Minas, 104 mil pessoas se inscreveram para as provas do Enade, que avalia os cursos de administração, arquivologia, biblioteconomia, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, estatística, música, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo, teatro e turismo.

Fonte: Estado de Minas

Márcia Maria Cruz

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