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Tribunal vê falhas em ensino a distância



30 / 11 / 2009
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Auditoria encontrou problemas na conexão de internet, principal ferramenta utilizada pelos 110 mil alunos dos cursos. Na região Norte, estudantes demoram duas horas para enviar trabalhos; governo admite problemas e afirma trabalhar para corrigir erros

O projeto de ensino a distância do governo federal para formar professores tem falhas que causam "risco de sustentabilidade", aponta auditoria aprovada no mês passado pelo Tribunal de Contas da União.
A auditoria constatou, por exemplo, problemas na conexão de internet nos cursos, principal ferramenta utilizada pelos estudantes. A crítica foi feita por 42% dos tutores, espécie de docentes que acompanham os futuros professores. O governo admite a existência de problemas, mas diz que são esperados em um programa de grande dimensão e relativamente recente (iniciado em 2005). Afirma também que está corrigindo as falhas (leia mais nesta página).

A Universidade Aberta do Brasil, como é chamado o programa de formação, é a principal aposta da gestão Lula para reduzir o número de professores sem a formação adequada que atuam na educação básica. Hoje, são 110 mil alunos matriculados no projeto. A União estima que 300 mil docentes do país não têm ensino  superior ou lecionam em área diferente de sua formação original. A melhora do magistério é apontada pelo próprio governo como o fator mais importante para aumentar a aprendizagem dos estudantes. Um dos maiores problemas encontrados pelo tribunal foi a condição dos polos presenciais, locais onde os alunos participam de aulas obrigatórias e podem usar os computadores para atividades a distância, como trabalhos e videoconferências. Como o projeto atende principalmente cidades com população de baixa renda, a maior parte dos alunos depende da estrutura do polo para estudar.

Conexão - Na apuração feita em Pacaraima (RR) e Moju (PA), constatou-se que os alunos demoram até duas horas para conseguir enviar um trabalho. Quando a conexão cai, o aluno perde toda a atividade. Além da instabilidade na conexão, a fiscalização constatou também que diversos polos não possuem biblioteca ou laboratórios de áreas específicas. Os problemas  do projeto existem devido a uma falha de gestão do governo, afirma Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação. Neves critica o fato de o governo federal ter delegado aos municípios a manutenção dos polos -a União gerencia o projeto e fornece a internet; as universidades são encarregadas do projeto pedagógico. "O programa é bem desenhado. A falha é o MEC ter deixado a estrutura com os municípios. Muitos prefeitos inauguram a obra e depois deixam de lado", diz. A mesma auditoria do tribunal encontrou problemas no Pró-Letramento, programa federal que visa aperfeiçoar os professores de português e matemática, da 1ª à 4ª série. Muitos dos tutores dos professores são escolhidos por meio de indicação política, apontam relatórios da Unicamp, UFMG (federal de Minas) e Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos). Além disso, 52% dos municípios que aderiram ao projeto não estão na relação de piores nas avaliações federais de qualidade, perfil que deveria ser prioritário, afirma o tribunal.

Fonte: Folha de São Paulo

FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL

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