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Desafio da inclusão digital passa pela educação



15 / 12 / 2009
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Os dados do IBGE sobre acesso à internet e posse de telefone móvel para uso pessoal confirmam: a inclusão digital ainda é um desafio sob vários aspectos no Brasil. O primeiro, obviamente, diz respeito à ampliação do acesso. Esse, felizmente, parece estar a caminho da superação, pois aumenta significativamente o número de usuários de internet e aparelhos celulares no país. Outro, semelhante, mas não idêntico, refere-se à universalização do acesso. Segmentos populacionais específicos, como pessoas idosas, menos escolarizadas ou ambas, ainda figuram como minoria entre os usuários. E permanece o contraste acentuado entre regiões: o Norte, por exemplo, detém percentual de usuários da internet de apenas 27,5%, enquanto o Sudeste conta com 40,3%. Finalmente, cabe salientar o aspecto referente ao motivo de uso da rede. A comunicação entre as pessoas aparece na pesquisa como o principal, superando os fins educacionais e de aprendizado, em terceiro lugar. Daí a importância de programas que operem em diversas frentes. A facilitação do acesso deve estar acompanhada da preocupação com a formação. Se há 65% de pessoas com dez anos ou mais de idade sem acesso à internet no Brasil, e isso merece atenção e providências, também é fato que os 35% que integram a comunidade virtual nem sempre sabem aproveitá-la adequadamente. Tirar o devido proveito da tecnologia pode ser um desafio tão grande quanto ou maior do que ter acesso a ela. Para superá-lo, o papel da educação (leia-se escola) é fundamental, a começar pela própria inclusão e capacitação dos professores nas novas tecnologias.

Quanto aos estudantes, a inserção de uma disciplina como tecnologia da informação no currículo certamente contribuiria para a formação de usuários mais conscientes e aptos a maximizar o aproveitamento de ferramentas como a internet e os celulares. Na atual era do conhecimento, é preocupante que a educação esteja perdendo espaço para a comunicação interpessoal (ainda que essa também seja de extrema importância) e o lazer na rede mundial de computadores. Esse talvez seja um indício de que a escola ainda não está suficientemente integrada às novas tecnologias e, com isso, as esteja subaproveitando. Portanto, torna-se cada vez mais relevante a educação em ciência e tecnologia desde a infância. Ao ritmo em que avança a sociedade contemporânea, em termos de desenvolvimento científico-tecnológico, relegar esse tipo de formação a segundo plano representa prejuízo em diversos níveis tanto para indivíduos quanto para nações. JORGE WERTHEIN é doutor em educação pela Universidade Stanford (EUA), ex-representante da Unesco no Brasil e vice-presidente da Sangari Brasil.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO

JORGE WERTHEIN

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