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Censo aponta queda na proliferação de IES



11 / 02 / 2009
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 A proliferação de IES (Instituições de Ensino Superior) particulares está diminuindo. Os dados que apontam essa tendência estão no Censo da Educação Superior 2007, divulgado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira). Segundo o levantamento, entre 2004 e 2007, 268 instituições privadas de Ensino Superior foram criadas, o que indica que o crescimento do setor no período foi de aproximadamente 13%. Entretanto, quando comparado aos dados do quadriênio anterior, a desaceleração fica evidente, já que entre 2000 e 2003, 833 instituições surgiram, índice de crescimento de 70%.

 
Nesse contexto de desaceleração, os números registrados pelo Censo da Educação Superior 2007 passam a ser menos surpreendentes. De acordo com a pesquisa realizada pelo Inep, apenas onze IES foram criadas entre 2006 e 2007, dez delas privadas e apenas uma pública, o que representa expansão de 0,48%. Se for considerado o período de 1997 a 2007, o crescimento foi de 153,44%.
 
ESPECIAL CENSO 2007: Hoje 11/02, levantamento aponta queda no número de vagas nas universidades estaduais.
 
 
Embora as regras para abertura de instituições não tenham sido alteradas com o término da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-), a redução no crescimento, especialmente no setor privado, era prevista desde 2003, segundo Ryon Braga, presidente da Hoper Educacional - empresa especializada em consultoria de marketing e planejamento estratégico para instituições de ensino. "Em 1996, o aumento das instituições particulares de ensino refletia a demanda reprimida. O segmento atraiu muitos empresários, inclusive os que não tinham nenhuma ligação com a área, o que provocou expansão acelerada acima do necessário", afirma ele.
 
O presidente do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), Hermes Ferreira Figueiredo, vai mais longe e diz que os dados do último censo indicam que o setor privado estaria em crise. "Tensão ocasionada principalmente pela abertura demasiada e sem planejamento das instituições privadas", dispara Figueiredo. Como argumento, ele cita o índice de vagas ociosas no sistema particular. O censo relevou que das 2.216.977 vagas oferecidas pelas instituições privadas nos vestibulares de 2007, 51,2% - ou 1.136.427 vagas - não foram preenchidas. "A demanda é muito inferior à oferta. O mercado está saturado", garante ele.
 
A opinião do secretário-executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, Gabriel Mario Rodrigues, é diferente. Para ele, a desaceleração não indica crise, mas a consolidação do setor privado no sistema educacional. Ou seja, nada mais do que a adequação da oferta à demanda. "A redução do crescimento é natural em qualquer setor econômico na medida em que seu desenvolvimento se enquadra às necessidades do mercado", acredita. Ainda segundo Rodrigues, a quantidade de estudantes oriundos das classes A e B diminuiu, o que reflete a redução da demanda do setor privado. O secretário-executivo apresenta dados sobre a existência de 18 milhões de jovens brasileiros fora da universidade. "Mercado existe, o que falta são condições econômicas, já que esse mercado está concentrado nas classes de menor poder aquisitivo", completa Rodrigues.
 
Ryon Braga também acredita que setor está em fase de acomodação. "Muitas faculdades não conseguirão sobreviver às vagas ociosas, à concorrência e aos altos custos de administração e vão fechar as portas", aposta ele. O consultor prevê, inclusive, que no próximo censo haja retração no número de IES.
 
Na opinião de Rodrigues, a consolidação do setor vai levar em consideração o preço e, principalmente, a qualidade do ensino. "Apenas as instituições que mantiverem boa infra-estrutura, corpo docente qualificado, tradição e equilíbrio financeiro vão sobreviver a esse processo", acredita o secretário-executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular. Já Figueiredo diz que a acomodação do setor não será ruim. "A demanda continuará atendida pelas instituições que permanecerem no sistema, mas isso não deve ser interpretado como reserva de mercado", avalia.
 
As fusões, apesar de não se relacionarem diretamente com os dados apontados pelo censo, são alternativas de sobrevivência. "Esse processo não elimina o estabelecimento de ensino e as instituições continuam contabilizadas separadamente (no resultado apresentado pelo censo)", explica Braga. "Embora seja tendência para a nova fase do setor privado, as fusões não afetarão o número de instituições privadas no sistema de Ensino Superior", acrescenta ele.
 
Setor público
 
No primeiro ano do Reuni (Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), o setor público não ficou livre da desaceleração do crescimento das Instituições de Ensino Superior. Enquanto em 2006 foram criados 17 estabelecimentos educacionais, em 2007 o sistema ganhou apenas uma nova universidade.
 
O reflexo do programa do governo federal no índice não foi significativo porque grande parte de suas ações se volta à ampliação de vagas por meio da criação de cursos noturnos nas instituições já existentes e no desenvolvimento de 48 novos campi universitários. Entre as metas do governo para 2010, no entanto, está a criação de dez novas instituições federais.
 
Em 2007, segundo o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Amaro Lins, o Reuni estava em fase de desenvolvimento. "Os impactos do programa já foram percebidos no último levantamento. No entanto, tendem a crescer até 2012", argumenta.

Fonte: http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=17362

Larissa Leiros Baroni

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