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Profissionais levam experiência às salas de aula



27 / 02 / 2009
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Nem sempre a vocação para lecionar surge antes do término da graduação, quando o estudante ainda teria chance de direcionar os estudos para a docência. Há profissionais com carreiras já consolidadas que decidem voltar às salas de aula não como alunos, mas como professores. Coordenadores de cursos ouvidos pelo Universia afirmam que a iniciativa é valorizada por aproximar a vida universitária da vivência de mercado.

"É importante ter profissionais antenados com as práticas do dia-a-dia para trazer esse tipo de experiência aos alunos", explica o pró-reitor de graduação da Unicsul (Universidade Cruzeiro do Sul), Carlos Augusto Andrade. Para o professor da graduação de Mídias Digitais da Universidade Metodista de São Paulo, Leandro Martins Guertzenstein Angare, os estudantes também dão valor à prática. "Os jovens prestam atenção nos exemplos trazidos do mercado, demonstram interesse pela explicação e participam ativamente", conta ele.

O engenheiro Ivan Joppert, que dá aulas para a turma de graduação de Engenharia do Mackenzie (Universidade Presbiteriana Mackenzie), constata que o interesse dos alunos é despertado pelos desafios práticos propostos. "A atenção da sala é atraída com exemplos de projetos que desenvolvi. Além disso, levo os estudantes para acompanhar obras e apresento planos para serem discutidos com a sala. Dessa forma, acredito que o aprendizado seja mais efetivo", aposta ele.

 

Na PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), os profissionais que desejam se tornar professores passam por testes antes de serem contratados. Os critérios são explicados pelo diretor do curso de Arquitetura da PUCPR, Carlos Hardt. "O processo consiste em avaliar o candidato por meio de entrevistas com o diretor da graduação e o departamento de RH (recursos humanos), destinadas a verificar sua didática para o ensino. Após ser aprovado nessas etapas, o candidato ministra, para os outros professores e o diretor do curso, uma aula sobre o conteúdo pelo qual será responsável", explica Hardt. Segundo ele, essa prática confirma as habilidades do profissional em transmitir conhecimento aos estudantes.

Já no caso da Unicsul os candidatos à docência não passam por tantas etapas de seleção, conforme explica o pró-reitor da instituição. "Analisamos o currículo e a coordenação de cada curso realiza entrevistas com os candidatos para avaliar se os conhecimentos obtidos pela experiência de trabalho se encaixam no currículo do curso. Os coordenadores ficam livres para escolher os profissionais que acreditam ter mais aptidão à docência". Andrade conta ainda que os profissionais devem ter tempo de, no mínimo, 20 horas semanais para se dedicar à universidade.

Para que a didática não seja comprometida, a Unicsul procura investir em treinamentos especiais para os professores, salienta Andrade. "Durante as férias, promovemos cursos para aperfeiçoamento da didática e convidamos os professores que ainda não têm experiência a participar. Dessa forma, o conhecimento do profissional pode ser transmitido aos alunos juntamente com as explicações teóricas", diz o pró-reitor.

Repercussão da experiência

Ivan Joppert conta que começou a dar aulas na década de 1980, quando a área de engenharia no Brasil não lhe proporcionava atividades suficientes. "As aulas foram uma forma de complementar a renda. Na época não havia as exigências hoje impostas pelo MEC (Ministério da Educação) e os profissionais com experiência no ramo de atuação eram valorizados nas faculdades. Alcancei a realização profissional dando aulas", lembra.

No início, Joppert dava aulas de dependência e, portanto, seguia a apostila de outros professores. "Quando peguei salas regulares, fazia o plano de ensino no começo do semestre e me guiava por ele, pensava em formas de passar o conteúdo didático por meio de exemplos diferentes a cada aula", diz ele. Joppert afirma que, com o passar do tempo, se tornou mais fácil preparar a discussão a ser proposta em aula. Já Angare, da Metodista, afirma que, no início, teve problemas em se impor aos alunos sem perder a simpatia. "Foi difícil encontrar uma maneira de controlar os jovens sem ser o professor chato. Contornei a situação ao preparar aulas que chamassem a atenção dos estudantes para que eles tivessem vontade de participar das aulas", afirma o professor.

Angare diz que outro ponto-chave para fazer com que a sala participasse foi buscar formas alternativas de ministrar a disciplina. "Percebi que uma aula totalmente expositiva dispersava a atenção dos estudantes. Comecei a conversar com os alunos e pedia retorno constantemente para ter certeza que entendiam a linha de raciocínio seguida", explica ele. De acordo com o professor da Metodista, a experiência funcionou. "Os estudantes prestam atenção nas aulas, se interessam pelo assunto abordado e demonstram querer saber mais detalhes. É possível perceber que os alunos se mantêm interessados quando trazem materiais de fora da aula para discutirmos em grupo", declara Angare.

Os benefícios do aprendizado embasado na prática não podem ser priorizados em detrimento da teoria, no entanto, conforme alerta o pró-reitor da Unicsul. "É importante para o desenvolvimento do aluno que o professor apresente problemas trazidos de sua atuação no mercado, mas a grade de uma graduação não pode ser composta apenas de aulas práticas. É necessário também proporcionar aulas com enfoque teórico para que os estudantes tenham formação plena", adverte ele.

Fonte: http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=17407

Por Mariana Bevilacqua

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