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Estudantes temem o fim do vestibular



30 / 03 / 2009
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O governo apresenta nesta segunda-feira (30) um plano para acabar com o vestibular nas universidades federais. Como seriam estas mudanças e como elas afetariam a vida dos estudantes? Houve um tempo em que o vestibular unificado e lotava o Maracanã com candidatos a uma vaga na universidade. Agora, a ideia é introduzir novas mudanças para selecionar quem está mais bem preparado para o Ensino Superior.

Decorar ou analisar? Para resolver este dilema, o Ministério da Educação apresentou a proposta: juntar o melhor do vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para criar um novo sistema de acesso ao Ensino Superior.

“Os vestibulares da maneira como são feitos hoje mais desorientam do que orientam em função da ênfase, sobretudo, na memorização e na informação e pouca ênfase na formação e na capacidade analítica dos estudantes”, afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad.

A ideia é unificar o acesso a 227 mil vagas em 55 universidades federais. As particulares também poderiam aderir. Para a proposta vingar, é preciso o apoio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que reúne as universidades federais.

“É importante frisar que as universidades federais têm plena autonomia. Então, elas não são obrigadas a participar do sistema”, afirma Amaro Lins, presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Em Vitória, o estudante Caio Nasser Mancini, que tirou a maior nota no último Enem (9,85), defende a mudança no vestibular.

“Eu acho que, fundindo as duas provas, a gente poderia fazer até uma revolução no ensino. Eu acho que é o que precisa: a gente ter contato com o teórico e com o pratico”, comenta o estudante.

Nesta discussão toda, está faltando perguntar justamente para quem está na boca do vestibular. O que será que eles preferem?

“É uma pressão bem psicológica. Seu futuro depende tudo daquela prova. Então, você tem de se esforçar o máximo”, opina Natália, 18 anos.

“No vestibular você está quase matando seu oponente. É quase uma guerra de videogame, você quer matar a pessoa. Mas no Enem, não. No Enem é só para você ter noção do seu conhecimento, e não para você entrar numa faculdade”, comenta Ludimila, 17 anos.

“Se for aprovado mesmo e for entrar em vigor agora, para a gente que está fazendo pré-vestibular desde o início do ano, vai ser um susto”, comenta Nayara, 16 anos.

“A gente tem um Ensino Médio todo preparado para fazer o vestibular. É mais ‘decoreba’ do que realmente um aprendizado, porque a gente tem de decorar uma coisa ao longo do ano para chegar e aplicar numa prova”, diz Carlos, 17 anos.

“Eles têm de começar com a base, lá embaixo, no Ensino Fundamental e na alfabetização, para depois quererem mudar as universidades. Não adianta eles quererem unificar se o ensino continuar muito baixo. Quem chegar lá em cima não vai ter chance do mesmo jeito”, acredita uma aluna.

“Quanto ao Enem, eu até gosto da estrutura, porque você lê muito. A prova é toda cheia de letra. Você não vê espaço vazio. Tem de ler bastante e interpretar”, comenta Vítor, 21 anos.

“Seria viável se fizesse um plebiscito em que cada um falasse sua opinião e realmente prevalecesse”, propõe Cynthia, 20 anos.

Mas se a gente fizesse hoje o plebiscito para acabar com o vestibular, a opinião dos alunos entrevistados é unânime: “Não”.

“Acredito que se fizesse uma mistura entre as duas provas, seria o ideal. Conteúdo e o raciocínio lógico”, defende Danilo.

“Mas com esta questão de nacionalização da prova, eu acho o seguinte: isso limita nossas chances de escolher todas as universidades federais. Vai ter gente vindo de fora tomando nosso lugar”, teme Patrícia.

“Eu quero medicina, que já é um curso muito concorrido. Eu, por exemplo, estou atirando para tudo que é canto, para onde for eu vou”, comenta Aline.

“Eles querem se basear no modelo americano, mas eu acho que eles tinham de se basear no modelo como um todo, porque o modelo americano não é só prova. Eles analisam o aluno como a vida dele toda escolar”, conta Andrezza.

“Se for analisar todo o meu passado que eu tive em escola pública, toda a minha base não é boa”, afirma uma estudante.

“Eu estudei em escola particular minha vida inteira, só que eu estudei em escola particular do Amazonas. Toda a minha base do Ensino Médio foi no Amazonas. Por exemplo, eu aprendi a conjugar verbo na oitava serie”, conta um amazonense.

“Um país que tem sua educação firme e forte é um país que tem tudo para crescer. Eu peço para as autoridades que eles pensem muito bem, porque é o nosso futuro, é o futuro do nosso país e da nossa população”, finaliza Monique.

Fonte: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1063852-15605,00-ESTUDANTES+TEMEM+O+FIM+DO+VESTIBULAR.html

Globo.com

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