Formei, e agora?
4 de março de 2009
Todo mundo conhece a intensa burocracia que precisamos driblar em várias situações em nosso dia-a-dia. Dentro da universidade isso nunca foi diferente pra mim. Estudei 6 anos na Fafich de Belo Horizonte que sempre teve fama de ser muito desorganizada. Não posso dizer que a fama se propagou atoa.
Enfrentei milhares de problemas que qualquer aluno de federal precisa passar. Ausência de professores, excesso de alunos, poucas vagas disponíveis, pouca infra-estrutura no que tange a tecnologia e pior que todos os problemas comuns, a demora para resolver necessidades simples dos alunos.
Uma simples declaração de matrícula demorava em média 7 dias úteis para ficar pronta, depois de realizado o pagamento. Para pagar era necessário ir até o colegiado (no dia que ele estava aberto ao atendimento), imprimir um boleto que só podia ser pago no Banco do Brasil. Mais um problema. Como eu não sou correntista do banco, precisava ir até uma agência, enfrentar a fila para pagar a “taxa de serviços” que nada mais era que um depósito na conta do tesouro nacional.
Depois de processado o pagamento, deveria voltar ao colegiado do meu curso para fazer requisição do documento. Essa requisição era basicamente preencher um formulário com todos os meus dados e identificar o tipo de declaração desejada. O texto da declaração era definido por esse formulário. Era só marcar um x em “regularmente matriculado” e em “previsão de formatura” obviamente completando com o ano previsto para a conclusão do curso.
Sete dias úteis depois, era só voltar no colegiado e pegar a declaração: “Declaramos, a pedido do interessado fulano de tal, número de matrícula tal que está regulamente matriculado no curso tal com previsão de formatura em tal.” Todas as informações do formulário aplicadas em uma frase pronta impressa em uma impressora matricial super conservada. Realmente 7 dias úteis é um tempo razoável para isso, afinal o curso inteiro devia ter uma 400 pessoas. E todo mundo queria a declaração ao mesmo tempo sempre.
Aí todo mundo reclamava. Eu achava um desrespeito um prazo desse tamanho para imprimir uma folha com as informações mais óbvias do mundo. Se o colegiado precisava demorar esse tempo todo para conferir meu número de matrícula, o período que eu estava cursando e o ano da minha formatura provavelmente todos os alunos eram matriculados a mão. Como meu nome era com a letra “M” podia ser mesmo difícil encontrar minha ficha já que é a 18ª letra do alfabeto.
Bom, mas eu sobrevivi os 4 anos até o fim do curso. Depois que eu saí toda alegre e saltitante da minha colação, descobri que o documento que vinha dentro do cilindro aveludado era uma lista com os nomes e telefones de todos os meus colegas. Se em 4 anos eu não consegui esses telefones, para quê iria precisar disso no último dia? Enfim, formei sem diploma. Pedi continuidade de estudos sem ele (no mesmo colegiado), formei de novo e sem diploma. Dois anos e 3 meses depois, aqui estou eu sabe como? Sem diploma.
Era de se esperar. Para uma declaração de matrícula 7 dias úteis. Para um diploma, 700 dias. Fato é que perdi uma oportunidade de fazer um intercâmbio com trainee porque nem inscrição podia fazer sem o documento que prova minha formatura.
Assim como eu, milhares de outras pessoas em todo o Brasil sofrem com isso. Ontem o Tiago Griffo, um de nossos Especialistas, colou grau e recebeu um canudo. Sem o diploma, claro. No caso dele parece que vai ser mais rápido. Um prazo de 3 a 4 meses lhe foi dado. Eu não contaria com isso….
Uma matéria publicada pelo O GLOBO conta alguns outros casos de pessoas que vivem o mesmo drama: “No tempo em que fiquei sem o da Administração, dependi da confiança do meu chefe, já que não tinha o documento. A Estácio só resolveu o problema após eu mandar uma carta para a Defesa do Consumidor.”O texto está publicado em nossas notícias.
Em pleno 2009, num tempo de vídeo games interativos e impressoras 3D , tem faculdade por aí que ainda registra alunos manualmente. Por outro lado, a UFES no Espírito Santo está resolvendo o problema. Praticamente todas as IES do Espírito Santo registram seus diplomas na UFES e, mesmo com aumento da oferta de matrículas dos últimos anos, divulgou no fim do mês de janeiro uma lista com 94 nomes de estudantes que já receberam seus diplomas registrados eletronicamente graças ao sistema da Cadsoft.
O sistema de expedição e registro de diplomas é um sistema desenvolvido pela Cadsoft para atender as IEs e com intuito de agilizar o processo e facilitar o trabalho dos servidores.
Uma solução simples, prática e altamente eficiente que viabiliza agilidade ao processo para todas as universidades além de beneficiar a vida do aluno que logo depois de formado pode pleitear uma vaga em algum cargo que exija o documento.
Quem já passou pela experiência traumática que eu descrevi sabe muito bem o quanto é importante para o formando ter o diploma em mãos. Significa mais do que segurança, a certeza de que o resultado foi realmente alcançado, não é mesmo?
Será que é pedir muito?
Texto de Marina Xavier